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MUSEU AFRO AMAZÔNICO JOSEFA PEREIRA LAÚ

Atualizado: 1 de dez. de 2023

As histórias e tradições dos povos africanos que chegaram escravizados são uma das bases fortes da formação da identidade da população do Amapá. Na contramão de seu valor, esse grande patrimônio é pouco valorizado nas ruas, na mídia e nas escolas. A Igreja no Brasil de vários modos tentou de todas as formas silenciar os tambores, a fé e a vida do povo negro.

Aqui no Amapá não foi diferente. Na vila do Mazagão Velho até hoje a Festa do Divino Espírito Santo é festejada em agosto, porque os brancos não permitiam que os negros entrassem na igreja no período litúrgico da Igreja Católica. O preconceito que cerca várias das tradições afro-amazônica tem sido mais forte. O Governo Militar que se instalou nas terras amapaenses desde 1943 foi uma tragédia para o povo negro e para a nossa memória.

Éramos um povo sem identidade e as nossas festas católicas ou não, eram vistas como ‘bagunças e bebedeiras’. Marabaixo foi banido da Igreja. A própria sociedade e parte do povo preto afirmavam que era coisa de feitiçaria. Foi preciso muita resistência para colocar a cultura dos pretos como história, memória e ancestralidade. Aprendíamos que Marabaixo e as coisas nossas eram folclore. Nada no negro é folclore... A diáspora não foi uma invenção.

A idéia que se tem da Amazônia costuma girar em torno dos Povos Indígenas, originários da floresta. No entanto, a diversidade amazônica não se resume apenas à fauna e à flora, mas também se aplica aos seus habitantes. Nós povo preto fazemos parte da rica diversidade amazônica e assim queremos ser reconhecidos. Cada Comunidade quilombola, comunidade Tradicional, extrativista, casa de Umbanda, Mina, outras Nações e Candomblé, somos sinais de resistência e de saberes ancestrais. Somos negros, indígena, caboclos, ribeirinhos, somos benzedeiras e benzedores, somos detentores na feitura da farinha, no cuidado com a roça e no verbo, somos cuidadores da floresta. Infelizmente, da mesma forma que a floresta e os Povos Indígenas estão cada vez mais ameaçados pela destruição ambiental, o mesmo acontece com nossas comunidades negras, extrativistas e Quilombolas.

Há séculos nos arrancaram da Mãe África, nos colocaram nos porões dos navios negreiros, nos separaram dos parentes e disseram que a gente não tinha alma. Alma quem não tinha eram os opressores. Tentaram nos dizimar, ainda que exista a política para nos tornar “invisíveis”, estamos conquistando nossos espaços.

Em sintonia com o anseio de liberdade e resistência pensamos o MUSEU AFRO AMAZÔNICO JOSEFA PEREIRA LAÚ. É LIBERTADOR perceber que diante da negação dos nossos saberes, cosmo visão, riqueza cultural e tanta beleza, o poder público ignore a nossa ancestralidade e continue a nos tratar como invisíveis. Diante dessa política nefasta, o povo preto criar um museu e dedicar a uma mulher da floresta, é transgredir, subverter, escandalizar uma sociedade que finge que nós não existimos e só nos procura quando querem mostrar que são “modernos”. É fazer “revolução” criar um espaço, denominar de museu e como negro, entra e nos identificar com cada objeto, por mais simples que seja, mas carregado de significado, simbolismo e afetos. O MUSEU AFRO AMAZÔNICO veio para divulgar, preservar e resgatar a memória ancestral do povo negro na floresta.


NÓS PODEMOS! SOMOS GRANDES E SOMOS MAIORES DO QUE TODOS OS NOSSOS SONHOS! JUNTOS PODEMOS TUDO! SEPARADOS SEREMOS APENAS INSTRUMENTOS PARA OS QUE QUEREM APENAS NOS USAR COMO “GADO”.

 
 
 

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